Minha noite, meu Isac.
Noite fria. Relâmpagos. Anunciações estrondosas neste céu de meu Deus ! Noite fria e aconchegante, ora sinistra, ora umedecida. Eu e meus frutos, num quarto a dormir, sob o som distante dos trovões, sob o telhado agredido pela chuva. Eu e meu filho.
Dorme, pequenino, dorme. Dorme, que papai precisa descansar. Amanhã há mais trabalho, amanhã há mais vida. Dorme e não chores assim, tens meus braços para te aquecer, tens tua mãe, sempre apta a te confortar. E continuava a chuva, e o céu se desmontava a cada estalo...
Madrugada à fora estávamos lá, novamente aos cuidados, repetidamente na alternância dos sono que pra nós era simples cochilo. E Isac estava atento: escutava com atenção a natureza a se manifestar, brincava com os anjos que na terra passeavam àquela hora, ria das entrelinhas noturnas que formavam aquele conjunto estranho. E Isac surpreendeu-nos. E Isac foi bastante homem, apesar do seus quase 7 meses... E Isac nos mostrou que nas noites mais frias, a atenção, as primazias, os planos, a predisposição à naturalidade da vida, tudo não passa de ilusões.
Somos o que somos, porém, sob a definição dos momentos, não das causas previamente arranjadas.