ENLOUQUECIMENTOS
Quando se re-nasce (o que é uma forma de se enlouquecer) dentro do tempo-que-não-existe, tempo que em certos loucos de si e de alguns outros sempre co-existiu ( ou co-não-existiu) com o tempo dos relógios, esse que escorre pelas mãos do cotidiano comezinho, pequeno, estreito que jamais - felizmente - há de bastar para os lúcidos fielmente loucos de si… o que mesmo eu estava a escrever? No chapéu que certos seres já não podem usar há séculos caem sílabas de poemas de tempos fundadores de reinos nos espaços etéreos nem por isso menos reais, quem sabe por isso mesmo infinitamente mais reais… onde se escondem de si os que esquecem e se esquecem nos cofres em que se guardam… de compreensões veladas por véus sobre véus… em milagres doloridos, macerantes, a perfurarem a pele dos sonhos que se olham fundo nos olhos uns dos outros na tentativa de enxergarem o espelho do outro lado…o lado de lá o lado o lado o lado o lado …de lá? E a linguagem ébria de si mesma poderia prosseguir prosseguir prosseguir pelas veredas e veredas e veredas por onde Riobaldo e Diadorim e também Otacília que nunca soube de nada se perderam sem remissão de frases não necessárias e gestos só pensados mas quando tudo desaparece a gente abre o guarda-chuva de uma qualquer palavra como para se abrigar do nada e por causa das desistências da poesia certo dia escrevi um texto assim chamado proprimente dito porque não conseguia nem consegue dizer coisa alguma que se parecesse e pareça com alguma coisa possível de dizer ou de não-dizer. Preciso respirar, amigo.Tchau.
Zuleika dos Reis, em algum dia de 2008.