Convèm
Convem ser bom guardião das coisas de Deus, pedia o poeta entre símbolos e aventais.
Guardar os cântaros de água fresca que a natureza esconde no
altar das montanhas, para saciar a sede das arvores, das pedras, minhocas, trigais, e molhar a garganta da terra.
Ele nos "confiou" as suas guirlandas amadas. Não deixem que ele "desconfie".
Convem administar o amor, porque o amor é o sentimento maior da vida.
Cuidar com muita cautela e sabedoria, nas manhãs da ira, ou nas noites de grande alegria.
(Principalmente quando ferve e quando esfria).
O amor quando perde a temperatura, esta pedindo para ir embora.
Convem acreditar na felicidade.
Ela é um bem tão delicado, que quase não se vê.
Por ser discreta, passa entre os homens com a certeza que amanhã será saudade.
"Eu era tão feliz e não sabia, dirás - E era tão bom aquele cheiro de flor!"
Convem acreditar nos homens, não acreditando.
Fazer o seu lance correto no jogo da vida e vigiar.
Acreditar nas pessoas é um dom natural, não acreditar é um disfarce que a cautela impõe.
Pelo sim, pelo não, é bom carregar a alma lavada: Só estamos aquí para nos completar.
Uma boa amizade merece muita atenção.
Convem ser simples e generoso.
A simplicidade mostra a vida cordial e sem muitas indagações.
É ela que move ceus e terra, e póe fartura nos seios da natureza.
É como o lírio, que presenteia a sua formosura, à abelha e ao andarilho, ao marimbondo e ao pintor. E festeja a moça, no tempo que chega o amor.
Convem dispor do riso na boca, e braços abertos para abraçar.
O sorriso é como um farol que põe claridade nos olhos.
Onde entra o brilho do sorriso a sombra e a maldade vão embora.
O abraço entrelaça as almas e dá vigor ao coração.
Convem ser altivo como o pinheiro.
A altivêz afasta o medo e nos apronta para os desafios.
E frágil como a vassourinha do campo, que humildemente verga para a tempestade passar.
Depois, vitoriosa, abrir suas flores para o beijo do sol.