Quem me dera ter nascido em Cajazeiras
Não, não sou sertaneja de fato, na verdade sou praieira, mas, sertaneja de coração. Aprendí a amar o sertão com toda sua aridez. Aprendi a amar o sertão com toda sua grandeza sem par. Aprendí a amar o sertão como se dele fosse filha, como se ele tivesse me parido. Aprendí a respirar seu calor e dele me invadir, me aquecer. Aprendí respeitar a coragem dos sertanejos. Apredí a reconhecer aqueles olhos inesplicavelmente azuis de sua população tão sofrida /, mas, tão alegre. Aprendí a me ver nas palmeiras tão altaneiras que balançam a meu chegar. Aprendí a sentir o cheiro da chuva chegando, e, a complacência dos que vêem ela se indo para muitas vezes, nem voltar. Nenhuma revolta, nenhum desespero, apenas o aceitar, só a espera que se faz de maneira simples, mas, forte e perene. Um dia, ela voltará, quem sabe, em janeiro...
Já dizia o poeta, o sertanejo é antes de tudo, um forte. Concordo plenamente, está explicado porque nascí no mar. E, eu diria, onde encontrar um por de sol como lá? As cores são estúpidamente fortes, o sol mergulha sanguinolento nas serras, deixando pra trás um ar de abandono, de saciamento de beleza. Muitas vezes chorei, e, espero chorar. Chorar de beleza, chorar de emoção, de al´estar, de poder naquela hora, ser um deles.
Na terra rachada, aparentemente estéril, brotam mandacarús, ai mandacarús, como voces me comovem. Como nossos vínculos são fortes, indestrutíveis. Como invejo tuas flores diáfanas, puras, esplendorosamente belas, no explodir do anoitecer. E, o que dizer das bromélias, deliciosamente esparramadas nas serras? Sem palavras. Calo diante delas. Nem precisaria daquele amontoado de pássaros, papagaios, periquitos, jacanãs, anus, papa-capins, azulões. Mas, devo adimitir, que eles completam a cena.
Quem me dera ter nascido em Cajazeiras!