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SE VOCÊ NÃO ME ACHAR, É PORQUE FUI EMBORA
Se você me procurar e não me achar, é porque fui embora e não sei se vou voltar. Mudei-me de mala e cuia para outro lugar. Fui morar em outra pele e, em outro olhar, fui buscar abrigo. Não posso mais disfarçar a minha dor, nem deixar de perceber que a porta se fechou, que a luz se apagou e que minha espera se cansou. Esgotei todas as minhas lágrimas quando “na margem do rio, sentei e chorei”* pela saudade que nem sei se existiu. Fartei-me de me esquecer de mim em algum lugar e ser obrigada a pedir ajuda para me encontrar. Estou exausta. Exausta de inundar meus sonhos de felicidade, quando, na verdade, eu estive o tempo todo apenas sonhando. Exausta de ter certeza que os meus segredos mais profundos foram descobertos até mesmo por mim. Exausta de ver roubados os meus sentimentos alucinados que eu também desconhecia existirem em mim. Exausta de ter o coração angustiado por não saber se você viria. Exausta de perceber os seus desmoronamentos e sair correndo para lhe acalentar a alma. Não posso mais. No meu cansaço, sinto amargura, com vontade de chorar e eu não quero chorar. Quero seguir em frente, quero ser mais prudente e conhecer outras manhãs. Quero passear por outras paisagens, correr atrás de outras miragens e deixar o coração pulsar na direção da chuva que virá para molhar a terra e me salvar da minha guerra particular, por lhe amar. Você não precisa me esperar, porque mesmo que o mundo caia sobre minha cabeça, eu não sei se vou voltar.
* "Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei * livro do escritor Paulo Coelho lançado em 1994.