Cachos dourados... Que merda !
Havia sim uma imagem ridícula naquela cena. Havia, senhores, muita coisa ponderável.
Mulher bela, com formas colossais, sensual, capaz de provocar ereções múltiplas e eternas, cheia de mel, com sua flor toda molhada, chamando, envolvendo, traçando trajetórias momentâneas que depois nos faz rir. E que espetáculo o momento: gozos incríveis, muita orgia, vinho, cigarros, gostos tirados dos petiscos, caldos que escorriam por entre as nossas pernas, e havia saliva, e havia sêmen, e havia toques cálidos e prudentes, receosos de não perder o momento mais feliz.
Mulher branquinha, cachos dourados, boca adocicada, modos depravados, ora puta, ora menos puta, ora ridícula, com um aspecto tolo e leigo, inconsequente nas palavras, inábil nos modos, pueril até dizer basta ! E quão idõnea para o sexo !
Mas havia a ausência de ideologia naquela mulher. Ausência de idéias capazes de me prender a atenção, de me chamar a um papo convidativo, recíproco, ausência de algo que a fizesse mais bela, posto que a sua beleza resumia-se às curvas gostosas e aos trejeitos malignos e tesudos.
Mas poeta é uma merda, mesmo. Abandonei-a sobre a cama, agarrei meus espíritos companheiros, pus a bagagem no carro, paguei a conta, despedi-me do meu outro eu, lá no quarto, trancado e obeso, tal qual o chumbo que enfeitam os projéteis do meu revólver.
E fui poeta.
E cheguei ao cenário poeta.
E durmo até agora poeta, relevante e magro como o diabo !