GRITO
Vou-me embora p'rá Pasárgada. Ah! Tem dias que dá uma vontade de fugir, de procurar um lugar onde a natureza não esteja tão devastada, tão judiada. Onde o clima seja ameno. Onde as estações caminhassem em fila indiana, sem desvios, sem riscos.
Enxurradas que provocam tragédias imensuráveis, que levam os homens e suas criações de roldão. A mesma enxurrada visível, ataca de surpresa a alma, sedenta de paz. Alma que imita os elementos, que baqueia em certos momentos. Alma que chora o paraíso perdido e se abate pela tristeza. Uma melancolia, uma saudade do que já foi. Do que não se recupera mais. Alma perdida no turbilhão caótico do infinito humano.
Alma minha, porque dóis assim? Hoje poderias te chamar tristeza, porque gritas no mais profundo do meu ser. Porque a dor dilacera o peito e, de tão forte, parece materializar-se. Quero mudar o calendário. Ser esperança. Mas, forçar não adianta. Rezo ao meu Anjo. Mas não passa. Então choro. Choro por mim, pelos meus, pelos que perdi, pelo que não consigo. Minha alma chora. E nem o pranto consola.
Não quero perder o rumo. Quero voltar à alegria. Quero viver sem sofrer tanto. Quero explicar essa tristeza. Esmigalhar. Destruir. Fazê-la virar pó. Desintegrá-la. Quero viver!