Escrita de solidão

Escrita de solidão

Viajo embriagada no mundo inerte da poesia,

Para que não me perca em promessas que sequer tu me fizeste,

Para que eu não sucumba, no atroz de um sonho, negra fantasia.

Viajo entontecida no aleatório das letras,

No vazio interposto entre o verve e as palavras emudecidas pelo teu calar.

Vou, para em ti não ficar. Para de ti depressa, dissipar.

Embarco delirante no lascivo que permeia os versos,

Na provocação ambígua das rimas,

Para que teu ar se aparte do meu suspirar.

Desato-me entorpecida do aprisionar do sentimento,

A fim de que de mim se aparte o expectar, e se decante da Íris o desencontrar.

Desfaço-me, para que o querer não exacerbe, não extrapole o teu delimitar.

Vou, deserta do teu pensar caminho trôpega no infindo compor, busco de mim afastar a dor.

Vou perdida meio as intempéries da criação, lacunas deixadas por ti, fragmentos.

Fonemas que de ti se ausentam.

Vou, escrita sorte de não saber teu vívido sabor,

Vou... vocábulos bêbados de silêncio. Silentes sem tua voz.

Vou, atrevo-me a aportar articulando imperecíveis verbos de solidão.

Essa é a minha escrita para ti.

Impressa de afeto,

Afeita de tons de saudades...

Perene saudade...

Roseane Namastê
Enviado por Roseane Namastê em 13/01/2010
Código do texto: T2027243
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.