[A Bordo de Tuas Lembranças]
[Caderno do Fim do Mundo]
Pisando a claridade coada
da copa de altas árvores,
os meus passos me levam
pelos caminhos das demolições...
velhas casas;
velhos muros;
casarões de imigrantes;
fábricas velhas;
bares antigos;
aleijados vendendo a sorte grande,
aquela que mais lhes faltou;
putas, as de sempre,
novas ou velhas putas
[de tanto não entender os homens,
nunca, nunca entenderei
algo tão simples como o ser puta...
rendo homenagem ao que não entendo!].
Em tudo e por tudo,
[o que isto quer dizer?!]
sonhos não mais —,
apenas um cansaço que vai
até a raiz dos meus cabelos.
Parto. E se não tenho, nunca tive,
a posse de mim, como poderia ter
a posse de ti? Absurdo é o amor...
A minha barca já vai partir,
é o fim do [meu] mundo,
mas estarei com certeza,
a bordo de tuas lembranças!
__________________
[Penas do Desterro, 01 de setembro de 2009]
[Excerto do meu Caderno 4 - texto 126]