[A Bordo de Tuas Lembranças]

[Caderno do Fim do Mundo]

Pisando a claridade coada

da copa de altas árvores,

os meus passos me levam

pelos caminhos das demolições...

velhas casas;

velhos muros;

casarões de imigrantes;

fábricas velhas;

bares antigos;

aleijados vendendo a sorte grande,

aquela que mais lhes faltou;

putas, as de sempre,

novas ou velhas putas

[de tanto não entender os homens,

nunca, nunca entenderei

algo tão simples como o ser puta...

rendo homenagem ao que não entendo!].

Em tudo e por tudo,

[o que isto quer dizer?!]

sonhos não mais —,

apenas um cansaço que vai

até a raiz dos meus cabelos.

Parto. E se não tenho, nunca tive,

a posse de mim, como poderia ter

a posse de ti? Absurdo é o amor...

A minha barca já vai partir,

é o fim do [meu] mundo,

mas estarei com certeza,

a bordo de tuas lembranças!

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[Penas do Desterro, 01 de setembro de 2009]

[Excerto do meu Caderno 4 - texto 126]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 13/01/2010
Reeditado em 22/04/2012
Código do texto: T2027149
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