Guerra no Coração do Poeta

Ano a ano, documento em branco

A lua me trouxe o bridão

Quisera não, necessitava.

Um Orfeu desligado e convoluto

Magnetizado, irresoluto

Peço adeus, não luto!

Vou seguindo na Alameda das cores

Magros amores

Molharão com hóstias cabreiras

O ‘não’ queixado

É o lado a se expor no trato.

Até lotar a riba, o ego sobressalente acusa

Miúdos grãos de fogo, a cauterizar indícios

Resquícios fazem da poeira, interstícios

Enxotando pudores de dentro das jarras.

Meu vinho é o holocausto em Camboja

Hora bomba, hora empada, parada

Um desfile misericordioso de acordeons vencidos

Meus inimigos.

Pelas vielas, correm profundos barões

Munidos com braceletes de fronte aos pescoços

São para dissimular, para fazer de conta.

Ali não se enterra a palha, lambe-se a lona

As jaquetas de lírios cobrem-lhe os rostos

E os derrotados, todos eles identificados

Comem pela raiz, os narcisos plantados.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 26/07/2006
Código do texto: T202681
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