Distante do Cais

No mar aberto, naufrágio

Bate à masmorra do tempo, intransponível

O silêncio reticular da noite lhe acerta, açoite

A relembrar passagem por vividas.

Gestos indóceis na luz da manhã, no elã

Falsos triscados poetas, ébrios amigos

À senescência, raízes despejando seiva

A quem interessar possa o banco.

Deixe vácuo no banco já vazio

Preencha-o com parcimônia, harmoniosamente

Tuas cordas vocalizarão desopiladas, sem guerra

Ficarás a merecer o cargueiro que singra.

Desejos são armas embutidas no peito, escopetas

Lancinam, ovulam e abortam sentimentos lesos

Estejas na alma no átimo da lua crescente, ela sente!

De paisagem lhe servirá um dia, a celebrar, a se dedicar.

Não tenhas do ovo, teu projeto de vida

Perquira as penas, o bico e o mudo bojo... Encante-os!

A vida removerá as crostas de mariscos e conchas

Estrelas lhe sorrirão à entrega da dama fugidia.

Haverá de ter paciência!

Se não te matar de fininho, a ausência

Teus pés salvar-te-ão no tempo

E exporão os troféus ganhos, à urgência.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 26/07/2006
Reeditado em 26/07/2006
Código do texto: T202163
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.