Distante do Cais
No mar aberto, naufrágio
Bate à masmorra do tempo, intransponível
O silêncio reticular da noite lhe acerta, açoite
A relembrar passagem por vividas.
Gestos indóceis na luz da manhã, no elã
Falsos triscados poetas, ébrios amigos
À senescência, raízes despejando seiva
A quem interessar possa o banco.
Deixe vácuo no banco já vazio
Preencha-o com parcimônia, harmoniosamente
Tuas cordas vocalizarão desopiladas, sem guerra
Ficarás a merecer o cargueiro que singra.
Desejos são armas embutidas no peito, escopetas
Lancinam, ovulam e abortam sentimentos lesos
Estejas na alma no átimo da lua crescente, ela sente!
De paisagem lhe servirá um dia, a celebrar, a se dedicar.
Não tenhas do ovo, teu projeto de vida
Perquira as penas, o bico e o mudo bojo... Encante-os!
A vida removerá as crostas de mariscos e conchas
Estrelas lhe sorrirão à entrega da dama fugidia.
Haverá de ter paciência!
Se não te matar de fininho, a ausência
Teus pés salvar-te-ão no tempo
E exporão os troféus ganhos, à urgência.