Homo Cordato
E acontece assim
Quase por encanto
Desponta a escrita mágoa
Maldita e mal feita
Na terra dos poetas
Ridícula por enquanto
Iluminado urbano brejeiro
Fantasiando " abóbrinhas"
Encarna o dom da palavra
Em um instante certeiro
Conspirações de bastidores
De quatro baixos, fole e farinha
E eis que todos felizes
Acreditam tudo saberem
Em mensagens ditas abstratas
Com seus vistos dedicatórias
Medíocres rubricas concretas
Conclui-se perversão por parcelas
De volta ao relento do campo
Sinto-me em casa novamente
Apagada a dor gestante
A ânsia do ilusório permanente
Me faz lembrar de poesias
Tão fracas e absurdas
Conheço bem os desta terra
Fui criado neste pântano
Embriagado pela distância
E por abstinência hereditária de latifúndios
Não cerquei o meu convívio
Nem mesmo dei trela aos inimigos
Em meu espaço funcional
Pinto grito danço e canto
Longe de críticas absurdas
Exponho-me muito pouco
Entre frases engasgadas
Mastigo unhas dos da minha classe!
(1993)