SÍMBOLOS

Na minha casa povoada de símbolos - poemas prosas músicas quadros espelhos imagem de São Francisco de nossa Senhora de Fátima perfumes flores plantas saudades espelhos sombras de utopias mulher-no-quarto-mãe criança biografia na parede espelhos almofadas globo com o mapa do céu anjo de palha escultura de negro africano antúrio castiçais espelhos paineira na praça uma Dor com seu séquito dois violinos ocultos o cheiro de incenso que dizem purifica Casablanca tangos fados chorinhos espelhos cortinas que se fecham outra Dor com seu séquito sete selos vários apocalipses adolescente que às vezes surge lembranças às golfadas espelhos exaustão de estrelas outras Dores com seus séquitos, microfone fitas cassete que ninguém mais sabe o que são um milhar de poemas para a Musa musa aposentada espelhos canção de ninar para criança extinta mares a espreitarem à distância florestas de se achar paredes de se perder ... - na casa povoada de símbolos Eu, símbolo entre símbolos; símbolo que não diz a que veio; símbolo opaco, vazio de origem e destino e meios: coisa entre coisas sem sentido nenhum sentido.

Zuleika dos Reis, texto na manhã de 8 de janeiro de 2010.