Amor Estranho Amor II
Amor, que palavra um tanto demais
Corroendo entranhas de solteiros
Desesperados e doentes de paixão
-Ah, o amor... meu amor!
Fonte única de minha razão proibida
Massificada e corrompida pela brega mídia
Em um tempo de tanto individualismo
Sacramentado numa guerra de sexos duvidosos
Pois quando num súbito encontro
Transforma linhas de visões turvas
Em clareza de primavera tranquila
Ele, o amor, desperta para o mundo
Transmito em pequenos e insuficientes poemas
Toda minha enorme e insaciável devoção ao amor
E evoco por palavras toda minha ansiendade
Como se bastasse apenas um olhar
Para que entendesse tudo que escrevo
Ao amor que transborda agora de meus poros
Como música martelando uma nota só três por quatro
Forte sou o bastante para suportar?
Não me basta encontros com cheiro de colônias
Agora quero tudo que tenho direito e vontade
Qquero sentir seus pêlos, arriscar uma mordida
Quebrar a timidez, um gole de sua saliva: um beijo
Um sono profundo sem nunca mais um adeus
Quero amaciar sua carne com meu toque
E deliciosamente pertubar seu espírito
Mais abraços e delírios em noites de inverno
Muito prazer e gozo de esperanças
Estou muito bem agora que você voltou
Sentindo essa sua presença novamente
Suando você de novo no meu corpo
Dê-me um beijo e farei com que limpo e sóbrio
Satisfaça sua suja emocionante vontade
Não se intimide ficando assim a zaguear por aí
Entre cantos e novenas de minha vida
Tire-me agora desta máquina de escrever.
Diga-me o que este tolo homem pode fazer por ti
O que posso fazer pra que nunca saía daqui?
(1993)