ALÉM MAR

Mon Cher ami, às vezes, não sei como, nem como vêem, que ocorrem-me (in)certos ímpetos de querer derramar, em letras, toda vocação que possuo em amar aquela mulher. É impressionante como fico satisfeito e deleitado em apenas contemplar esta singela foto dela em que tão tranquilamente posou a lente, eternizando seu sincero sorriso e cabelos, tão deliciosos, aos ombros.

Será isto amor? Lhe pergunto, Mon Cher. Será que divago? Lhe juro que penso que não. Mas se deveras divago, sei que, no entanto, não sou vago em sentir que a amo. E meu amor a ela, mais a arte que deste amor faço, ganho meu benemérito; pois se não tenho aquela carne a me tocar, possuo, felizmente, sua atenção que me ilumina.

À distância dela me dói, Mon Cher ami... Mas a poesia que construo, em cada verso realizado, é templo para eu e ela, onde moramos e amamos; torna a abundância do apartamento apenas um detalhe oneroso, sensivelmente superado.

Mas Deus sabe que longe dela sou apenas pensamento. Que me valha, Senhor Deus! Para além deste oceano respira minha própria alma, vagando sozinha em busca da amada: querência feminina, adorada, aliviadora de minha solidão!

Vá alma! Vá! Corte estas águas mais veloz que o vento! Transforme seu sufoco em movimento, e sacie-se no abraço do seio dela que lhe espera! Acorde n’outro dia sentindo aqueles leves braços, deitados em ti, decote perfumado. Beije-lhe e diga-lhe que aqui está um apaixonado. Que irás retornar para mim antes que’u me acabe, pois tenho necessidade de escrevê-la, no tom de meus desejos.

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