[Sofrer Diante de Ti]

De alma leve, na soltura,

saio pelas ruas vazias

carreando as minhas penas

entre as muitas penas da cidade.

[Até os papéis velhos parecem

coisas interessantes à vista,

restos de construções também,

foram objetos de anseios,

custaram esforços, dinheiro!]

O que fazer num dia assim,

corpo estafado,

olhos soltos,

sem rumo,

mente vazia?

Vazia... será?

O que tanto me dói,

senão o mero escoar da vida,

senão as visões intercambiadas

com as coisas nesses arredores,

senão o regurgitar atroz, incessante,

da clara noção do que mata,

— o Tempo?

Tempo e ser; ser e sofrer... então,

de que adianta sofrer diante ti,

se não tens olhos para mim,

se não fiscalizas a minha pena,

se não te vanglorias da minha dor,

se nem mesmo sorris de mim?!

Eu não disse que estava assim,

de alma leve, na soltura?!

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[Penas do Desterro, 05 de dezembro de 2010]

[Excertos do meu Caderno 4, reflexões dos dias 23 e 31 de dezembro 2009]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 05/01/2010
Reeditado em 10/07/2012
Código do texto: T2012447
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