RESPOSTA A UM POETA QUE DIZIA DE UM BARQUINHO DE PAPEL
Teu barquinho de papel e no bolso as palavras invisíveis de um poema a nascer em algum lugar desconhecido ainda. Permita-me, por favor, tomar para mim, por um instante, a imagem desta viagem em algum meu próprio barquinho de papel, ainda que eu precise me projetar também um lago de águas mansas que, por ter desaprendido os nados todos, eu que jamais soube nadar a não ser através de precárias metáforas e por ter me tornado tão frágil que nem precárias metáforas consigo mais usar direito, remos inúteis num canto da sala, imagina então lidar com tempestades sem controle… apenas para dizer que saúdo-te, Poeta, nesta manhã de primavera menos cinzenta que a de ontem, pelo menos com o entreabrir das pétalas de algum sol, ainda que de tão melancólico sol!
01 de outubro de 2009.