Cabo Frio


Navio que não sei de onde vem,
talvez de além, mar ou outra coisa qualquer...
Trazendo, quem sabe o quê, esperanças,
visão de outros mares, espíritos, ilusões.

Navio velho, um tanto encardido;
de viver talvez, viver encarde
e macula o branco original.

Navio magestoso. Visitante que no Cais
da praça Quinze fez morada,
breve morada, e olhou por sobre a cerca distraído
e curioso...Sábios de tantas águas.

Navio, mero sonho de aventuras
pois o mar, sinônimo de Piratas
é antes de tudo, o desconhecido.

Navio altaneiro, maneiroso,
querendo e conquistando os passantes
com seu velho casco em grande estilo,
e seu nome à proa bem gravado: Cabo Frio.
Que saudades...

E que sonhos tolos guarda a mente humana.
Estranho ver tão vazio o Cais da Praça Quinze,
sem o Cabo frio a espiar tranquilo.

Ah! Tolice, dirão os mais sabidos.
Piegas, dirão os incapazes de fazer
do cotidiano eterno sonho:
Esperar, sentir, ser e entender navios...

Regina Racco
12/10/1974