Um estranho caso de amor
A terra desnuda esconde sob si o amor mais sublime!
A chuva trava consigo uma batalha infinita. Ora quer a realização desse amor, ora revolta-se destruindo tudo o que vê ao seu redor em seu caminho.
O sol nunca se compadece, não por maldade, mas por euforia de sua excelência, vai excluindo tudo o que é fraco, mas o amor nascido ali transforma tudo à as volta e faz florido aqui e acolá o ipê, o pau d’arco, o umbuzeiro. O juazeiro perde alguns de seus galhos, mas provoca mais beleza, pois de longe os galhos secos parecem ramos de flor em meio ao verde resistente de sua copa.
As pedras acordam de seu de sustento à terra e devolvem ao sol a luz que este envia para encandear o cenário vivo da terra.
Aos poucos vai chegando o momento de novo florescer desse amor. As nuvens, alcoviteiras, anunciam regateiras que o momento do encontro entre a água e a terra está perto. Raios e trovões anunciam esse momento mágico e a chuva, enciumada, se lança ao chão sem se incomodar com o que vê à sua frente e rasga os laços do chão. Assim dificultando o romance entre a água e a terra. Elas se abraçam por pouco tempo, mas um único beijo é suficiente para fazer nascer o fruto desse amor: o verde vida que encobre todo o chão! Um cheiro doce paira no ar do mundo, um cheiro que jamais se poderá reproduzir, pois é o cheiro da vida!
E mais um ciclo se fecha. Os brotos rebentando em cada árvore, em cada galho, em cada espécie são o sinal de que a força maior está no chão. A água devolve a vida à terra. Mas a água é frágil e o sol a devora, não por maldade, mas por euforia de sua excelência. E a terra recolhe todo o verde por amor à água que o sol evaporou. Mas a terra não morre, espera paciente por um novo encontro com sua amada para que tudo novamente floresça.