DEVANEIO NO FIM DA TARDE
A tarde de sábado agoniza.
Pastosa,inócua...Vejo-lhe fatiada por entre os gradis.
Inócua!...É a menina de vestido verde,cabelos ao vento,a espiar a tarde pastosa...Mira os dois lados...
Acautela-se,protege seu pequeno cãozinho entre os braços e juntos cruzam a fatia asfaltada que lhes cabe por direito.
Acenam as rosas!...Furtivas,temerosas...Frágeis acenos de flor.
Mas,gradis são navalhas fatiando carros,casas,céus,espaços...
Fatiam rosas indefesas...Fatiam revoadas,esfacelam retornos...
Recostado em minha cadeira,vislumbro a varanda a fatiar-se e sou eu também,aos poucos fatiado.
Fujo!...
Refugio-me nos desvãos de minha casa solitária.
Tirano e irônico,o espectro de meus sonhos,que ali faz morada,acolhe-me...E serve-me uma xícara de chá.