[Adormecer o Desejo]

Tarde da noite, a casa silente...

Do meu quarto até a copa,

a experiência de caminhar.

O velho assoalho da sala

oscila, faz tremer os vidros

na antiga cristaleira,

um retinido que perdura,

e vai a todos os pontos da casa.

A Insônia e a Angústia,

mãos dadas com o Tédio,

caminham pela casa.

Lá fora, a rua não tem saídas;

e a esta hora, não leva

a nenhum lugar - sem salvação!

[Um copo d'água na talha

da copa, agora, o único remédio

para aplacar esta sede noturna...]

A memória daquela voz rouca,

o sorriso ponteando a fala suave,

o carinho varando impossibilidades,

passando pelas brechas do tempo -,

o corpo que reclama, e quer, quer...

Adormecer este desejo - como?!

[Penas do Desterro, 20 de dezembro de 2009]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 20/12/2009
Reeditado em 22/04/2012
Código do texto: T1987453
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