Heróis

Heróis... Estive acostumado. Estou acostumado. Sim, é normal a presença de heróis na minha vida. Não que eles sejam meus heróis, mas, os heróis que eu paulatinamente examino, dia após dia, sob todas as pontes e viadutos, a cada esquina, no trânsito barulhento, nas prisões mais nefastas, nos princípios precípuos da vida árdua, imersos nas atmosferas de carbono que os sufoca a cada dia. Já te deparaste com algum herói digno de ajuda? Heróis, os verdadeiros heróis do país estão na miséria, na roda das contradições governamentais e humanitárias. Os verdadeiros heróis, aqueles que pedem o que comer pra não ser escandalizado, digo, pedem por necessidade e HONRA, pois não há mais honra do que a sujeição à igualdade. Sujeitamo-nos (falo agora como um herói) à igualdade, digo, aos pútridos e limitados homens que formam as classes, os estamentos. Os verdadeiros heróis em coletividade, sob um só entendimento, sem torres de Babel, ou conferências dinamarquesas... A única conferência e o único acordo é sobre a vida qualificada e desqualificada, que se alterna a cada aurora, que se perpetua a cada decreto, que se multiplica a cada aparição de um novo herói. Peregrinos. Filhos de Deus e da rua, pois na rua é que se faz a vida. Na rua é que se faz Natal. Na rua é que eu escrevo a coisa que, uma vez dirigida a vós, não tem pretensões de criticar ou convencer quaisquer que sejam as opiniões, mas sim aliviar a hipocrisia que é alimentada dentro dos derrotados. Conheces os derrotados, amigo? Que o 2010 seja repleto de heróis, pois na absoluta e maciça presença deles é que os derrotados passam a existir e a postergar a real condição de herói.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 19/12/2009
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