Curta a existência tua
Sobre as cinzas que restam do teu corpo, experimentando o perfume da tua própria desgraça, relembro os tempos em que existias. Tu, uma pessoa já meio-morta, de olhos negros, onde o sentimento e emoção não eram possíveis de explicar. Teus percursos de passos vagarosos, porém pesados, sem futuro conjeturado, sempre. Um ser calado, nunca uma pessoa te escutou falar. Apenas murmúrios, no momento em que desejavas ardentemente intrepidez para morrer. Tudo que adentrasse na tua existência, tu abominavas. Colocavas de lado todos os que procuravam fazer parte desse teu universo cruento e malicioso. Horas em branco, quieto, onde apenas os teus apáticos olhos revelavam as particularidades. Explodias desprezo e perturbação. Os teus punhos sempre agressivamente cerrados falavam-no. E era mais que isso, contemplava em ti, um sacrifício impensável de mobilização de forças para te sustentares desta maneira. Conseguiste-o. Mas terminaste por morrer prematuramente, como para ti, sempre o computaste. Morreste como vieste ao mundo, a derramar lágrimas e só.