Sequidão

Mundo escatológico de cortina e pó

Recobre de urina e fezes o corpo deitado

Faças as contas dos achacados amores

Dos quais, cúmplices fora;

Destaque o cume da lança pontuda e mendiga

A lança fedida, recheada de muco;

Não haverá pudor a te merecer, fétido mundo

Vomite as angústias no liquidificador ligado no tempo

Nem se prive do veneno, ele cura

(terá de se dispor do antídoto);

Inverta das luzes os interruptores e cambie a história

Jaz a memória;

Risos de glória cavalgarão em variegados alazões prateados

De trinta em trinta, esfacelar-se-ão dementes

E exibirão suas medalhas

(deite-as à fornalha).

Mundo escatológico de escarro e pus

Almoce teus dentes de arqueiros nus, medievais

Rasgue do diário a folha amarelecida, pinçada

As formigas carrearão teu orbital, o ódio mortal

E far-se-ão de churrasco a devorar tua carne sangrenta;

Ocre e selvagem enlutará o medo

E divinos assentos frouxos quebrar-lhe-ão a espinha.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 19/07/2006
Código do texto: T197479
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.