ESCORREGASTES DE MEUS VERSOS
ESCORREGASTES DE MEUS VERSOS
E agora, o que fazer, se escorregastes de meus versos? O que fazer se saístes de minhas frases deixando um branco em minha página? Em vão tentei te alcançar, mas a página já havia virado. Fostes-te levando muito de mim e pouco ou quase nada fiquei de ti. Minhas maõs vazias lembram que já estiveram preenchidas das tuas, agora padecem de frieza. Mas, onde tua voz, apenas um leve sussurro resta no ar. E, nossos corações que batucavam numa sintonia assustadora? Agora, uma disritmia me persegue. De tanto respirarmos o mesmo ar, esgotamos todo, e, fiquei com apnéia. Fiquei oca.
Mas, o tempo encarregou-se de desmanchar tua imagem tão nítida num passado tão presente. Em vão tento recompor, reconstruir, refazer tua presença em mim, outrora tão forte, mas, tudo se esgarçou, deixando-me cada vez mais pobre de afetos.
Tento entender como apartamos nossas vidas, tento relembrar tantos sonhos falados, esperados, jogados ao leu, mas para o acontecido, pouco ou quase nada há de se fazer, a não ser aprender que nunca deve se entregar de maneira tão total e plena a uma paixão, porque correremos o risco de ficar amputados do coração. Sigo mutilada.