Doença de Pinho

Meu pinho emudeceu as cordas

Já desgastadas, meio roucas

Seu brilho ofuscou-se doente

Sentindo, sentindo.

Arriou o bojo,

Nem estranho, nem denodado

Pouco senti no minguar do eco

A derradeira nota proferiu-me em prosa:

Dó!

Melancólico desespero achei

E jogado ao chão, como uma cucurbitácea

(de tão pesada, esparrama-se)

Vi o cetro como aríete

Fincar-me o peito.

Horas: passem depressa!

Quero olvidar-me dos fatos de hoje

A natureza procura regozijo meu

Não me negue as vitaminas.

Eu aqui trancafiado dentro de mim,

Aguardo um ‘não’ desta alma agitada

(cegonhas preparam-se ao labor)

Uma carícia de aveludada seda, um ar

Para, rapidamente, fazer-me voltar.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 19/07/2006
Reeditado em 24/08/2007
Código do texto: T197240
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