De amar, jamais esqueço

De amar, jamais esqueço

Vanderli Granatto

Os gritos sufocados quem há de escutar?

O sol, a brisa, o vento, o mar?

Não sabem definir a dor,

não conseguem aplacar.

É profundo o sentir.

Machucam, ferem, deixam marcas...

Querem falar, gritar, não querem ouvir.

A força do grito estridente apaga-me,

já que a razão do outro está desligada.

Aniquilada, consumida nos ais,

prossigo a caminhada.

Aqueço o pensamento, os sentimentos meço,

sinto-os sem medidas, pois, ultrapassam,

o senso da incompreensão do outro

e extrapola em um querer ilimitado.

Peço aos anjos proteção.

Perdoo.

Um amor sacrossanto me redime,

em qualquer atitude, que seja contrária.

É mais forte do que o grito

que possa atingir os tímpanos,

maior que a incompreensão,

maior que o uivo do vento,

maior que o marulhar do mar...

Um dia sobrevirá a luz da razão

e fará o outro entender, que,

o que passa dentro de si,

tem que ser trabalhado e não atirado aos ventos,

agredindo, sufocando, causando pavor.

Talvez pela opressão que em algum momento recebeu,

dá agora seu grito de libertação da angústia,

numa explosão, que lhe toma a consciência.

O tempo, senhor dos sentimentos,

poderá aplacar a dor, aliviar as tensões

que desencadearam o amargor.

O amadurecimento, a luz da razão hão de chegar,

causando discernimento das ações.

Mesmo consumida nos ais, prossigo a caminhada.

De amar, jamais esqueço.

Vanderli

26/06/2009

Botucatu/SP