Eles ainda são escravos
Eles ainda são escravos
Eles ainda são escravos, e ainda estão por ai ,
resquícios de um passado pouco longínquo .
No mato a farmácia, na dipirona a solução para todas as dores;
no leite quente com sal o remédio pra tosse.
No magro corpo suado a ferramenta de trabalho,
que arfando tal qual um animal, traz nos ombros os pesados fardos,
parece ser humilhante,
porém o orgulho se cala ante o grito da fome
e da necessidade de sobreviver.
O chinelo gasto, protege do solo quente a maior parte dos pés
e no fim do longo e árduo dia,
a cachaça se faz companhia.
Os míseros tostões vão para a casa
em forma de troféu pelo vitorioso dia,
e lá o esperam
para continuarem exercendo o milagre da sobrevivência
os futuros escravos