Passar pela janela
Acordei, como todos os dias, nesta terra que não chega a lugar nenhum. Neste país que não dá lugar aos meus sonhos mais singulares e belos. Neste lugar, pela primeira vez, senti-me encarcerada. Desejo de saber mais... O que há além do que sempre soube. Coisas novas, cheiros e sabores divergentes dos que me acostumei. Pessoas diversas, desprovidas de vergonhas e pavores de outrem. Alguma coisa paranormal à minha realidade, uma terra que me permitisse fantasiar o que vem depois do impossível. Acordar com um sorriso no rosto, pois ali permaneço bem. Porque não haverá primazias e paradas sempre a impedirem-me a estrada, o amanhã. Um local do universo, onde caminhar é como se voasse, a impressão de independência... Desejo mais! Bem mais do que isto que possuo. Desejo deixar de ter medos e que eu possa sonhar. As lágrimas enxugarão por meio do calor humano de uma cultura diferente, de um país abundante e intenso. Digno e ativo, pronto a evoluir, invencível e consciente de que a sociedade sonha, e também é digna de concretizar esses sonhos. Desejo saber o que é deitar-me na relva de um parque do centro da urbe, e experimentar o vento a me beijar. Que as folhas do calendário precipitem, mas que tudo me saiba da mesma forma, de quando ali cheguei.