Variações perigosas!

Vou quebrar minha convenções,

Cansei de não poder me irritar com coisas que me irritam, de não xingar quando me der vontade. Vou deixar de lado essa necessidade de mártir, de sempre perdoar, aceitar, me condicionar. Abdico do direito de ser perfeito, de não gritar quando der na telha.

Vou sim, a uma igreja evangélica com seus seguidores que não conhecem o verdadeiro Deus e lá vou me encontrar com ele.

Vou dizer que aquela amizade não me interessa mais, pois nada de bom me trouxe, vou assumir o ciúme, o rancor, o desprezo.

Vou chorar no escuro, vou rir no claro.

Vou deixar de ser sempre verdadeiro, sempre transparente, sempre certinho como sempre esperam de mim...

Vou dizer da ferida que abriram e que dói demais.

Vou dá na cara dos otários,

Vou usar palavras que destruam,

Vou fingir que não ouço quando me chamam.

Não vou ter pena por quem não me ama.

Vou chegar em casa e ouvir Zezé de Carmargo e Luciano no mesmo volume de Pavarotti,

e quem pisar no meu calo vai levar na cara.

Vou dar voadora na cara do bandido;

Dizer que não perdoarei o imperdoável, que não sou Deus!

Não vou sorrir enquanto não me der vontade.

Vou colocar o dedo na cara dos mal agradecidos e dizer o quanto os desprezo.

E não vou me importar com a camada de ozônio, efeito estufa ou com reais nas meias dos políticos...

Falarei errado, desrespeitarei as novas e velhas regras do português...

Contarei piadas machistas e rirei dos aleijados e dos feios...

Se der vontade de encher a cara, vou beber até vomitar no pé do guarda;

Vou fumar cigarro de palha dentro do coletivo...

Vou dizer pro padre que sou ateu e que sua fé é idiotice...

Vou dizer pro ateu que Deus é tudo e que ele não é nada...

Serei racista, homofóbico, idiota, analfabeto...

Porei uma capa de hipocrisia e sairei às ruas pronto para se amado e respeitado...

E QUE SE FODAM AS CONVENÇÕES...