Cal e vinho

Se és das camadas mais ausentes, amiga, por que te desfazes nas sombras? Se és, de fato, a coisa mais importante aqui, por que te aceitas dessa mesma forma, na mesma mesmice? Os tanques estão cheios, e ainda há dádivas lá nos poços... São cal e vinho, eternamente misturados, eternamente embriagados, eternamente convertendo os sóbrios em ébrios. Eu fui o ébrio. Eu sou o sóbrio.

É cal em vinho, nas vinícolas mais distantes, a dominar o nosso mundo ! Um serve de maquiagem à cara alheia, outro de sangue aos oprimidos, às vezes divertindo, às vezes iludindo, às vezes à margem de caixas, às vezes em mim.

Se és amiga, amada, ajuda-me a vencer, pois em cal e vinho eu me perdi naquela estrada.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 04/12/2009
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