SsS Areias escorrendo
Tranquilo, enquanto cuidava de meus negócios e cumpria minha função social, ouvi um ruído. Parecia só algo pormenor, um ranger qualquer, parecia que seria singular, mas, quando retornava ao meu ofício, no meio de um movimento de minha caneta sobre o papel!Pronto. Lá voltava o estalo. Mas era, a ouvidos atentos, sutilmente diferente. Como se mudássemos uma única vogal em sua onomatopeia.
Infelizmente, entretanto, para aqueles submetidos as horas laboriosas, qualquer ruído é capaz de selar toda nossa concentração, e convenhamos, tais horas só fazem privar-nos das festas, sejam elas de um verdejante farfalhar de folhas ou de uma confluência de pessoas e seu aroma etílico.
A partir daí o honrado homen de trabalho caiu. Havia se desfeito em expectativa. Esperava ansiosamente, mais mais. A cada instante, o novo ruído. E já, talvez no trigésimo, ou centésimo, ruído pôde então discernir o quê era. TIC. E então se fez o Tac inevitável. E progressivamente o relógio acelerava, TIC-TAC, TIC-TAC. TIC-TAC. TIC-TAC. TIC-TAC. Pareciam então passos que o perseguiam. E o bom homem entrou em desespero. Precisava parar, destruir aquele relógio. Não podia fazer mais nada. E então, talvez, quando já se esquecera do mesmo, ou mesmo de súbito como uma bomba relógio,talvez. O relógio parou. E desceu a lamina fria da dona Morte. Mas o ruído continuou, agora era o plic-ploc das gotas de sangue valseiras a mergulharem sobre o chão sólido