O BARCO DA SOLIDÃO



As velas do barco vão sumindo no horizonte...
No cais apenas uma mancha branca acena
Sem se mover. Não dá para reconhecer se é ela,
Ou algum objeto imóvel no cais...
Mas na minha fantasia apaixonada aquele vulto
Tem que ser ela me acenando... Me esperando!
Quem sabe até derramando copiosas lágrimas
Sinceras... ou insinceras, (não sei); mas o quanto desejo
Que sejam sinceras...
Quero me convencer a todo custo que ela me ama
E que irá sentir a minha ausência...
Mas dentro de mim o meu coração pulsa acelerado
Parecendo dizer: “Ela não te ama e não vai te esperar...”
Meu Deus, como dói a incerteza desse amor...!
O marulhar das ondas de encontro ao barco
Soa como se fosse a ribombar da procela se avizinhando;
A nuvem que me tolda os olhos é como a tempestade
Desabando sobre o oceano do meu coração sofredor...
Olho em volta de mim e então a vejo: a minha companheira,
A dama de negro que me fará companhia durante a viagem...
A solidão...!