O que eu fiz das minhas dores
O que eu fiz das minhas dores?
Com as lágrimas que derramei
Reguei jardins, cultivei flores
Plantei rosas lindas, cravos singelos
Lírios branquinhos, girassóis belos
Que quando a brisa sopra
É lindo vê-los bailar
Sussurrando ao passar o vento
“Quem não amou, deve amar”
E as pétalas que vão voando
Levadas sem mais por quê
Levadas, entregues ao vento,
Naus sem rumo, barcos sem rotas
Levam consigo as saudades
Que sinto de um bem querer
São flores lindas, singelas
Que antes de ir pro jardim
Brotaram em minha alma
Floresceram só para mim
E quando chega a tardinha
Os girassóis se fechando
Eu colho das flores o sol
Sorvo da luz se apagando
A avistar a noite que vem
No perfume que se exalou
E nas manhãs de sereno
Sirvo em cálice pequeno
O orvalho que se formou