Molduras

As luzes estavam acesas... O candeeiro alimentado pelo tempo... A taverna em cores ocre... Vozes e vultos... Sombras.

Corri os olhos pelas lembranças... Quero tê-las, mas eternamente. Castrar a finita vida... Iludir-me que o meu tempo acaba, quando os olhos estiverem fechados, faz-me dormir para que o dia morra...

E o gostar... Dito e iluminado... Sentido.

Sorri para o espelho... Dizer-lhe o quê?... Apenas formas...

A luz minguava pelas frestas... Ansiedade.

Faz-me bem cuidar das palavras... Encurta a distância... Emoldura os rostos... Planos planos... Linhas paralelas... Mesmo caminho, mas nunca se cruzam.

Olhei a dança da vela... Passado e presente, em gotas de lágrimas.

Avisto o horizonte, nesse momento... Rabiscamos o dia, em pétalas de tantas outras flores... O entender... Cansado fardo.

Abri as janelas. Deixei as arestas de uma encruzilhada...

Ainda não entendes... Ainda preciso de banhos de chuva...

Abri a porta. Joguei-me aos rodopios... Fiz das vestes, pele.

Abriguei-me, em tantas falas... Posso ouvir os rastros de sílabas faladas... Deslizei nas poças de um sonho... Saboreei as gotas roladas de um riso brando...

21:49