A peça esquecida..
O espartilho deixado veste o corpo de outra, e eu covarde não tenho coragem
observo inquieta, nervosa. A imagem dela ainda paira no meu quarto, minha ex ,tão linda, tão leve, tão despojada, dançando... perfumada. Sobre minha cama me ordena só olha-la.
Pergunta-me a ex-dona da peça deixada numa conversa virtual:
A peça ficou no fundo do meu guarda-roupa
_quem ia te ajudar neste conto?
Ora ora... não pode revelar a personagem, não é nenhuma ex eu garanto. E nem outra que já tive oportunidade, mas não me excitara.
É outra da sua idade - Tão linda e tão jovem, cujas curvas semelhantes,
eu digo: _ estou REVENDO as peças, os objetos esquecidos, é uma tortura necessária,
mais uma vez no bate papo ela me dá ordens!
_ Para!
Desobediente eu continuo, quero escrever o conto que agora é poesia... uma mistura de prosa e verso.
_ mantém-me acesa e triste, mas eu preciso das imagens,
A final de contas, não é qualquer uma que veste um espartilho e nem a toa,
requer sedução, alma feminina, desejo – ousadia...
só veste a peça quem pode e pode dominar a cena, eu afirmo,
se encaixava perfeitamente no corpo dela
mesmo com ar de menina, moça,
parecia tímida, vestia-se bem
mas dava ordens em seguida :_ me coma agora que eu tô mandando!
Submissa eu ficava quieta e inquieta, o espartilho deixado veste o corpo de outra e não é o corpo dela. Tão branquinho, face tão alva... sorriso tão perfeito.
não tem as sinuosas curvas perfeitas,
nem a alma dela, nem o cheiro
acovardo-me silenciosa olhando minha nova cobaia...
E mais uma vez me questiona: quem vestiria?
Quem quem????, eu refaço a pergunta
Gosto de provocar...
quem gosta de textos ousados eu ressalto, admira o conto erótico,
e quem se oferece a ser cobaia de uma produção literária. Quantas fariam isso? Eu
pergunto; pela vaidade de ser homenageada
ora ora... pergunte a Vinicius de Moraes.