Voo

Ainda não vi as cores que detalhaste... Nem os nós que farias em fios de seda. Apenas voo...

Faltam todos... Falta tudo... Para o mar virar um milagre...

Rodas e voltas em mim mesma... Giro e espanto... Alegorias sem direção... A tua águia.

Em ondas... Em conchas... E mais uma admiração.

Golpeio o infinito... Temos o amor mais bonito... E... Nas cores que defines, ainda não estou plastificada...

Formas e curvas... Quadros e retalhos... Madeira e aço... Cordões.

Vento nas esquinas... Sou apenas minha... Um vento forte, sem direção...

Olhamos o tempo... E recolho-me em infinito... Que as luzes se acendam... Que o mar te oriente... Que o farol seja meu guia... Estrela cadente.

Andei pelas ruas... Falamos aos ouvidos... Seresteiras palavras... Precipícios...

Em água da fonte... Em luz das estrelas... Em versos profundos... Em morte que anuncio... Cio.

A placa está sem letreiro... Rodopio a seta. Eu mesma acerto os meus ponteiros...

Em convexas cores, ainda não disse o sim ao que esperas... Em sons, seleciono apenas o que das horas necessito... Finito.

As ruas... Os moldes... Ser, sem saber... Aquecer-te no frio... Amar-te em sílabas e lambidas do tempo...

Ainda não vi todas as cores... Como aceitar a oferta de tantos amores?...

Saúdo o dia... Volto-me às páginas escritas... Seleciono as pétalas, o vinho... Chocalho em dança...

15:45