Desabafo Inútil
Sou contra a simplicidade planejada
Sou a favor da diversificação do constante
Simpático `a mudança e `a transformação do existente
A criação é estúpida, falsa e sem sentido algum.
Odeio tudo que não possui raízes e tradição
Odeio o novo e detesto o velho não mudado
O que é o progresso sem o censo comum de destino?
Como derrubar tabus e destruir ilusões
Sem o conhecimento profundo da subversão imposta?
Sou contra o direito de igualdade dos homens
Contra todas as entidades que querem me controlar
Me rotular, manipular e me comercializar pra esse mundo,
Que idéia anacrônica e medieval de nos adestrarmos obedientes
Não sou dedo de ninguém e nem ração de poderosos.
Sou a favor do indivíduo único, verdadeiro e nu
Que não aceita ser levado pela massa ou convencido pelo povo.
Sou contra a política dos homens demônios
E mais ainda contra a perversa legislação dos deuses.
Sou a favor dos sonhos e não da alucinação.
Sou contra o abstrato relacionamento humano
Considero os prostíbulos mais verdadeiros e honestos
Do que casais se comendo em mentiras e traições do sujo amor.
Rejeito as aberrações e imperfeições da uniformidade
Mas sou altamente a favor do amadurecimento das diferenças.
Contra o oportunismo e ao facilitamento das funções artísticas.
A favor de tudo que rasteja e tem forte e raro sabor nobre.
Contra a luz da tela e sempre a favor da fala e da pura arte
A infinita escrita em nossa imaginação de poeta.
A favor da agitação, do movimento da tempestade
Desprezo a calmaria e a paz solene dos apáticos.
Contra a homogenidade forçada das cores
A favor do preto contra o branco
E do branco contra toda aquarela!
(Thursday-23/11/00)