Self Nightmare

Porque o tempo, porque eu sempre falo do tempo? Vivo a projeção de um filme sem rolo. Voando em uma guerra de plumas sem ter um porta-aviões para retornar. Odeio esta crueza nua de viver no tempo, em S, ou melhor, em "esses", sem viver realmente. Em sombra de futuro e regência de passado, fujo, então, do meu tempo e vivo o tempos dos outros, dos outros eus. Sendo as bolinhas vermelhas sem árvore de natal, e hoje é dia das bruxas.

Eu até tento dormir.

Respiro, então, sem ser. Respiro ares de não sei o que, de delírios que mal tenho. Não sou, em um espaço atemporal, sendo herdeiro de meu futuro. Minha planilha é cheia de atos inglórios apenas ditos, de futuros de um minuto só, de pretéritos imperfeitos, de futuro do passado de verbos que não sei conjugar.

E nada faz com que relaxe um corpo cansado, mas incessante.

Vivo, pois, a realidade dos sonhos decadentes, flertando com a sanidade da loucura. Buscando na ausência da existência uma própria identidade, e do caos forjo minha alma, confusa e perdida, atemporal, mas sincera.