Houve um tempo
HOUVE UM TEMPO
Houve um tempo, não muito longe, que as palavras borbulhavam na minha cabeça, como ramas de videira. E, cresciam, cresciam...E exigiam que as colocasse na terra para que vingassem.
Houve um tempo, não muito longe, que as lágrimas inundavam meus olhos com tanta força que nenhum regato era grande o bastante para abriga-las.
Houve um tempo, não muito longe, que meu coração vivia explodindo de amores mil, que quase não conseguia recolher os pedaços.
Houve um tempo, não muito longe, que me acreditava imortal, tamanha era minha sede de viver.
Houve um tempo, não muito longe, que me sentia, ora pequena, ora gigantesca, nunca entendendo meu tamanho.
Houve um tempo, não muito longe, que me entendí uma benedita e me via multicor a cobrir os terrenos baldios de minha cidade.
Houve um tempo, não muito longe, que ousei poetar para Mozart com tanta intimidade, que quase o toquei.
Houve um tempo, não muito longe, que desconhecia a serenidade das planícies, já que no meu peito morava uma alma cigana que não me deixava aquietar.
Houve um tempo, não muito longe que fui a musa do Itinerário Lírico da cidade de João Pessoa e me ví escrita num livro de um poeta.
Houve um tempo, não muito longe, que tive quase tudo, mas, foi tanto que não entendí a dádiva recebida.
Há um tempo hoje presente, que tento resgatar tudo que vivi, mas, palavras não morrem, lágrimas ainda molham meu rosto, o coração ainda ama e me faz sentir grande, sem fim, com geito de flor, com poemas na cabeça, alma inquieta, e só agora entendo o quanto sou feliz.