Irmão na calçada
Às vezes a realidade nos bate à cara.
Escancara o sofrimento e a luxúria
como irmãos gêmeos que andam de costas
O abismo parece a entrada de um buraco negro
Cuja cobiça só faz adiantar a quebrada
Mas ali pra ninguém é segredo
Que a palavra patrimônio é coisa rara.
Esquecemos que somos um cisco
Respirando um universo desmedido
E se deixando correr o risco
De rimar versos sem sentido
Pois lá no fundo da alma
Alguma coisa se debate e não encontra a calma
E quando o homem se daria conta
Que em dois passos se encontra
Um próximo lhe estendendo a mão?
Que num pranto sofrido, jogado no chão
Pede e suplica
"um prato de comida, meu irmão!"