SOMOS QUEM PODEMOS SER

SOMOS QUEM PODEMOS SER

O que somos senão imagem fugidia ou simulacro no espaço, perdido no espelho do banheiro. O que somos parece até com o medo, mas é, sobretudo desejo, desejo de ser o que somos e ter o que não temos, mas eu não quero pedaços ocultos no infinito caos do mim mesmo, quero só um beijo no espelho, fitar meu próprio ego e descobrir pelas pupilas arredias que assim como o mar: são esses momentos de ficar atento a todo movimento, pensamentos são como ventos ou ondas do mar, todos oceanos deságuam no ser humano que sozinho com seu barco faz sua odisséia, faz sua jornada.

Mas o mar não ensina insinua, e no lugar do barco muitos têm que aprender a nado; esses passarão a vida a sonhar com um iate última geração e por mais rápido que sejam, não saberão surfar karmas e DNA serão sempre mais uma ilusão, e a verdade passa ao lado, vida fora noite adentro a verdade está no barco, está a ver navios e na linha do horizonte de longe eu vejo Sol e estrelas na mais perfeita descoberta estamos sempre navegando atrás de um Sol que nos aqueça e o que for teoria esqueça, o que for vida permaneça vamos plantar o paraíso nas covas de um sorriso.

Qual é a vontade exata em poder ser o que se é quando dentro da casa não cabe você, quando a festa não passa pelo ser? Se os tempos são outros os erros são os mesmos e onde está o desejo de dar a mão? Parece ser isso impossível, pois todos estão a nado, a braços largos vão se distanciando da emoção de parar e deixar a onda te levar pra onde tem que ir, pra onde se pode rir.

Mas quem são os donos da situação? Quem controla a rima e o refrão? Por quem bate forte o coração? Um dia talvez saberei por que será que a gente atravessa o rio procurando água e diz: ”não estamos nem aí“. Será o mar com suas águas salgadas uma prisão? Será que o sal do mar vem do nosso suor ou das lágrimas sofridas de algum deus? De qualquer forma eu não sou nem um ateu pra me achar maior que deus, mas também não sou um crente que se julga menos valioso que um sorriso seu.

Se somos quem podemos ser, como seremos se por um instante pudermos ser aquilo que ainda não somos? O segredo está em saber o que não somos, mas parecermos ser, vultos em agonia que se disfarçam em simpatia, e momentaneamente fazem a alegria com você de espectador, porém onde está o barco meu senhor? Pois navegar é preciso viver não é preciso, e nem sempre faz sentido quando não se tem amor, agora com todo clamor me diga o que é poder acreditar sem ter que pesquisar? Você é o que acredita ou o que credita? Acreditar que a maré não vai virar te impede de afogar? Agora que crédito você dá pra maré virar?

A medida de amar é amar sem medida e você beijou quando a maré virou? Que crédito você dá para o amor? Perfume consubstanciado tipo beija flor, bem seja lá o que for não se esqueçam que no fundo tudo é ritmo, do átomo ao caminhão e você é quem entra no salão pra brilhar, você credita em você a vontade de voar?

Tudo bem não me peça pra explicar pegue a prancha e vá surfar! Ventos e horizontes, sonhos e paisagens montanhas e mares karmas e DNA...

Leonardo Daniel Ribeiro Borges

Leodanielrb@.yahoo.com.br

(texto vive campeão de concurso realizado em 2003 em Araraquara)