A Velha enrugada
Passou por mim, a velha enrugada.
Vendia livros de capas negras em letras bordadas
Percorria a madrugada.
Parava num canto e recitava um trecho,
retomava o fôlego e seguia andando
tinha livros e um apetrecho.
Limpava a túnica como se fosse a única
resumia sua historia nos tempos remotos,
tempo esse que não havia carros nem motos.
Mas mesmo assim ela viajava.
Andava solitária tendo a lua como luminária,
intuitiva e reacionária.
Escolhia mais um verso de acordo com os presságios,
causava mistério nos ouvintes,
a sua voz rouca vinha com requintes.
Sabia falar em dialetos para o publico dos mais seletos,
tinha o dom da sabedoria, sua palavra era sua mercadoria.
Passou por mim, a velha enrugada,
me disse em tom de rima, que é tudo uma sina,
pois a vida um dia ensina.
Sacudia os ombros e enxergava além dos escombros,
descansava a mente e caminhava lentamente,
é assim que sempre fazia, e num instante sumia.
***Prestem mais atenção no que dizem os mais velhos***