ESPERANÇA

Nasci de um sonho da noite,

quando a luz tecelã perfurou

os vitrais da aurora

e o grito das esferas ecoou pelos vales.

Revolvi-me dentro da casca

sorvendo aquele raio de vida

como se fosse o primeiro e o último.

Era imperativo renascer

das crostas dolorosas do passado,

da bifurcação da realidade presente,

e do sono das folhas que transmutam

os traços das larvas e da poeira.

Os sentidos purificaram-se à passagem

do sangue pelas letras

e da alma pelas palavras.

O que é imensidão no papel

nada mais é do que um vagido.

Um único vagido para tentar respirar

num novo amanhecer.

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 16/11/2009
Reeditado em 10/03/2010
Código do texto: T1927025
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