Representação de palavras
Caminhei, sem destino, pelo meio de arbustos ou indo atrás de diminutos caminhos de terra batida. Contemplando as flores, sentindo o cheiro forte da resina dos pinheiros, ouvindo algumas aves que cantavam, tocando nas ervinhas que começavam neste instante a se desenvolver. Gostava daquilo, do toque, no que cada coisa me enviava somente por a notar... Paz de espírito ou lembranças pouco agradáveis. Mas tudo me recordava algo, afinal já ali estivera antes, em outra vida, porque aquela floresta era-me demasiado familiar para ali não ter permanecido algum dia. Inconscientemente, conhecia bem tudo, cada arbusto, árvore, plantação, caminhos, tudo! Conhecia até atalhos, para vir mais depressa a casa, tal como o Chapeuzinho Vermelho, mas na realidade, jamais ali permanecera dantes. De que forma seria isto possível? Não sei, sequer refleti muito nisso durante o meu percurso. Somente desejava relaxar... e escrever.
As horas passavam e passavam, e eu permitia-me cada vez mais conduzir pela emoção de iniciar um novo livro. Sim, resolvera começar de novo a minha escrita mais confusa, a representação de palavras em um livro. E este iria ser diferente, pois pela primeira vez ensaiava a poesia, e não os livros infantis que desde criança iniciei a redigir. Parei apenas, quando a escuridão se apoderava do céu, e me impossibilitava de enxergar o que escrevia, apesar da minha mão permanecer a escorregar brandamente ao longo do meu caderno com palavras e palavras, que constituíam frases, depois versos, poesias, e por fim, um livro. Mais um livro... Mais um pouquinho de mim!