De cortar o coração..

De cortar o coração...

Maju Guerra

Depois que Marina morreu,

Ele perdeu o tino e a razão,

Um não vivia sem o outro.

Todo o dia às cinco horas,

Com tempo bom ou ruim,

Ele sobe no alto do morro,

Repete bem alto o seu nome,

Até parece um carrilhão.

Disse a quem perguntou

Que é pra Marina saber

Do amor que não se acabou.

Todo dia à mesma hora,

Ouve-se o eco sem resposta,

É de cortar o coração.

Uma hora mais tarde,

O sino da igreja matriz

Bate as seis badaladas,

É hora da Ave-Maria.

Depois de fazer sua prece,

Ele desce do alto do morro,

Toma o caminho de casa.

No começo todos comentavam,

Era romance como jamais se viu.

Hoje pouco se fala do assunto,

Já estão acostumados...

Maria Julia Guerra.

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