No jardim um sollo de cello
O som vem de mansinho... Leve como asas de borboletas, e vai assim voando na prosa do violoncelo brincando no meu jardim de ébano...
Deslizando como coloridos mosaicos sons leves pasteis. Leves tintas na brisa caindo em notas no meu ser...
Leves como pássaros amarelos, o arco desliza nas cordas suavemente, docemente... Muito docemente...
Olho a minha volta e sinto as quatro cordas do som na cor das rosas e jasmins, variantes das claves, o tudo dos lírios e o mundo das oitavas falas. O principio do instrumental até o fim do solo perfeito.
No meio da complexidade das cordas a vibração do sentir, que chamam as hortelãs para mergulharem e voltar o meu centro. O profundo da minha harmonia, na consonância.
O ar torna suspiro novamente rarefeito e tão suave é meu corpo no ostracismo do som aperolado...
O templo de tons de aquarelas e pautas acrílicas, além delas existe a muralha de brumas intransponíveis...
Muralha construída de pedra em pedra ao som do monstro. Sangrando as mãos em cada bloco de oitava erguido, bem niveladas, no ponto certo afinadas, no limiar perfeito e alto, alto até o infinito transparente do meu desejo...
O meu mundo esta assim de bem comigo de onde gera o meu cello poético.
O ventre da natureza canta o nascer e renascer, me toca com as notas livres da música, como asas de mosaicos voando no meu jardim particular, flores muitas em cada acorde me carregam na infinitude dos sentimentos.
Noite de doce calor, primaveril com cordas me falando segredos afinados em quintas. Purifico e me alegro neste concerto do meu jardim , voam as minhas verdades ...
Voa minha saudade...
Voa a nostalgia sensível é ela que me faz etérea...
Tudo leve, tudo suave...
Eu e um solo de doce cello.