Há coisas que não se ensinam mais

Nem sei por que, mas assim foi feito.

De indefesa curiosidade, pura amostragem

Ou equívoco pretensioso, não há como saber.

Há sim sem dúvidas coisas que não se ensinam mais

Na escola das dúvidas tentei desenhar uma rosa...

Ela murchou,

Tentei imaginar uma donzela amada que dançava...

Mas o pé dela quebrou,

Há sim sem dúvidas coisas que não se ensinam mais.

Às vezes uma idéia, às vezes um erro

Mas ainda fica o brilho nos olhos do datilógrafo

Que ousou usar a pena cuja tinta era ressecada nas entrelinhas do esforço que ele fazia,

Nos estalos incontroláveis que soavam como um alfabeto sonoro.

O homem que sonhava além das pontes de madeira,

No lugar onde o sol tira um leve cochilo.

Fitando a sesta da noite depois do almoço,

Sonhando com a imensidão do universo

Já não se pode mais escrever,

Permanecer bêbado,

Ou não dormir.

Mas há sim sem dúvidas coisas que não se ensinam mais.

A tinta acabando anuncia mais um fim

Uma lápide de palavras que experimentaram a doçura de viver de novo com outras mãos.

O anúncio incoerente das escolas de leitura e escrita;

Mais uma etiqueta colada na gola de um livro sem mangas.

Regatas. . . permanecem no ofício eterno dos brilhos poéticos às vezes inúteis,

Mas de tão inúteis e infiéis esclarecem cada vez mais que:

Há sim, sem dúvidas,

Coisas antigas que não se ensinam mais.