Quase quatro horas da manhã... para vocês que dormem, bons sonhos, e parabéns! Eu não padeço de insônia, que é a dificuldade que se tem para dormir. Padeço de outra coisa que não sei nem o nome, essa resistência incontrolável que me impede de dormir.
Tenho estado tanto tempo longe de casa, que quando aqui chego, parece que há uma necessidade de se fazer tudo. E fiz tanto toda a semana para os outros que parece que nada foi feito para mim. Então bate essa sensação de inutilidade. Como se eu fosse capaz de fazer tudo quanto quero do tempo que me resta. Acusam-me de descaso os livros. E sei que não lerei filosofia, que me obrigaria a pensar. Mas lerei com certeza poesia, que me aguça sempre a capacidade de sentir. E entre sentir e pensar, sempre me perco, e demoro depois para reencontrar o caminho.
O silêncio da madrugada é só meu, e não de todos vocês que dormem e o perdem. Impressão de que tenho pressa, que tarde da noite assim pensamentos e sentimentos se confundem e se atropelam. Eu queria escrever sobre isso, mas me dou ao luxo de estar cansado das palavras que mais escondem de mim do que mostram. Queria elaborar mais o que pôr aqui, pensar, estudar, concatenar com algo de plausível. Porém, não me dou a esse luxo. Despejo aqui o que não sei se serei mais capaz de elaborar.
Falar o quê? O que dizer? E para que tudo isso, afinal? Atingir a quem e de que modo? Racionalizando o que sente e não sentindo o que racionaliza. Leva-me isto a um cigarro a mais e uma caneca de café na varanda, no silêncio da madrugada, quando nada em mim dorme, quando em mim qualquer coisa que haja resiste e custa a dormir.
Leio dos outros tudo o que gosto de ler e custo a entender. A correria do dia-a-dia prejudica até meu poder de concentração e meu entendimento das coisas vindas de fora.
Tanto tempo fora do apartamento, quando aqui volto tenho todo o apartamento dentro de mim...
Os mesmos temas, solidão e tristeza, falta de perspectiva, o estar preso a essas coisas que se tem que fazer, buscando no mínimo das coisas um mínimo de prazer.
Dá para entender? Não? Talvez fosse melhor que eu fizesse um desenho. Haveria nesse quadro uma estrada a desaparecer no horizonte e alta no céu uma lua cheia como a de hoje. E, no meio disso tudo, uma silhueta do que bem que poderia ser eu, de tal modo com tanta falta de nitidez, que ninguém saberia se estou indo ou voltando.
Tenho estado tanto tempo longe de casa, que quando aqui chego, parece que há uma necessidade de se fazer tudo. E fiz tanto toda a semana para os outros que parece que nada foi feito para mim. Então bate essa sensação de inutilidade. Como se eu fosse capaz de fazer tudo quanto quero do tempo que me resta. Acusam-me de descaso os livros. E sei que não lerei filosofia, que me obrigaria a pensar. Mas lerei com certeza poesia, que me aguça sempre a capacidade de sentir. E entre sentir e pensar, sempre me perco, e demoro depois para reencontrar o caminho.
O silêncio da madrugada é só meu, e não de todos vocês que dormem e o perdem. Impressão de que tenho pressa, que tarde da noite assim pensamentos e sentimentos se confundem e se atropelam. Eu queria escrever sobre isso, mas me dou ao luxo de estar cansado das palavras que mais escondem de mim do que mostram. Queria elaborar mais o que pôr aqui, pensar, estudar, concatenar com algo de plausível. Porém, não me dou a esse luxo. Despejo aqui o que não sei se serei mais capaz de elaborar.
Falar o quê? O que dizer? E para que tudo isso, afinal? Atingir a quem e de que modo? Racionalizando o que sente e não sentindo o que racionaliza. Leva-me isto a um cigarro a mais e uma caneca de café na varanda, no silêncio da madrugada, quando nada em mim dorme, quando em mim qualquer coisa que haja resiste e custa a dormir.
Leio dos outros tudo o que gosto de ler e custo a entender. A correria do dia-a-dia prejudica até meu poder de concentração e meu entendimento das coisas vindas de fora.
Tanto tempo fora do apartamento, quando aqui volto tenho todo o apartamento dentro de mim...
Os mesmos temas, solidão e tristeza, falta de perspectiva, o estar preso a essas coisas que se tem que fazer, buscando no mínimo das coisas um mínimo de prazer.
Dá para entender? Não? Talvez fosse melhor que eu fizesse um desenho. Haveria nesse quadro uma estrada a desaparecer no horizonte e alta no céu uma lua cheia como a de hoje. E, no meio disso tudo, uma silhueta do que bem que poderia ser eu, de tal modo com tanta falta de nitidez, que ninguém saberia se estou indo ou voltando.