CREPÚSCULO
A flor fechou-se com a proximidade do entardecer...
O frescor e a formosura de outrora
Declinou-se como o sol no horizonte...
Sem mais perfume,
Entregou-se à terrível melancolia
Que as asas da noite transportou...
E o homem, a observá-la,
Constatou, surpreso,
O quanto com ela se identificava...
Caminhando sempre só,
Solidário ao silêncio
Que o seu interior abrigou...
Enigmático como o tempo
Que foi para nunca mais voltar...
Indecifrável como os mistérios
A embalarem o ritmo do universo...
Vida e morte em marcantes presenças,
A intercalarem os ciclos da natureza,
No pêndulo que se move continuamente
Para os diversos pólos equilibrar...
E o homem ali parado,
Só a observar,
Enquanto a flor se fechava
Talvez para não ver a noite chegar...